terça-feira, 8 de abril de 2008

A POLUIÇÃO DAS ÁGUAS

Processo de poluição do Rio Mundaú em Foto da Professora Madalena Monteiro



Os efeitos da poluição e destruição da natureza são desastrosos: se um rio é contaminado, a população inteira sofre as conseqüências. A poluição está prejudicando os rios, mares e lagos; em poucos anos, um rio sujeito a poluição pode estar completamente morto. Para despoluir um rio gasta-se muito dinheiro, tempo e o pior: mais uma enorme quantidade de água. Os mananciais também estão em constante ameaça, pois acabam recebendo a sujeira das cidades, levada pela enxurrada junto com outros detritos.

A impermeabilização do solo causada pelo asfalto e pelo cimento dificulta a infiltração da água da chuva e impede a recarga dos lençóis freáticos. As ocupações clandestinas de áreas que abrigam os mananciais também acabam poluindo as águas, pois seus moradores depositam lixo e esgoto no local.

Os poluidores e destruidores da natureza são os próprios seres humanos que jogam o lixo diretamente nos rios, sem nenhum tratamento, matando milhares de peixes. Desmatadores derrubam árvores das áreas dos mananciais e de matas ciliares, garimpeiros devastam os rios e usam mercúrio, envenenando suas águas.

As pessoas sabem que os automóveis poluem e colaboram para o efeito estufa, mas por falta de opção ou por comodismo não abrem mão desse meio de transporte. Todos sabem que o lixo contamina e polui o meio ambiente. Porém, muitas pessoas jogam-no nas ruas, praias e parques. A atividade agrícola também é poluidora da água, já que os pesticidas e os agrotóxicos são levados pela água da chuva para os rios e mananciais ou penetram o solo atingindo os lençóis freáticos.

As fábricas lançam gases tóxicos na atmosfera porque não instalam filtros em suas chaminés. Numa cidade como São Paulo, só 17% das indústrias tratam seus esgotos; 83% jogam nos rios toda a sujeira que produzem. Quem mais polui é também quem mais consome: 23% da água tratada é consumida pelas indústrias.

A água poluída pode causar doenças como cólera, febre tifóide, disenteria, amebíase etc. Muitas pessoas estão sujeitas a essas e outras doenças porque suas residências não tem água tratada ou rede de esgoto. Um dado assustador comprova: 55,51% da população brasileira não tem água encanada nem saneamento básico.



Processo de poluição do Rio Santana do Parnaiba, foto com direito autoral reservado



RIO TÂMISA
Por GRAZIELA SALOMÃO DA REVISTA ÉPOCA


O Rio Tâmisa, na Inglaterra, ficou conhecido como o ‘’Grande Fedor’’ quando, em 1858, as sessões do Parlamento foram suspensas devido ao mau cheiro. A poluição do rio também estava na consciência dos ingleses por causa da morte do príncipe Alberto, marido da rainha Vitória. Alberto morreu de febre tifóide devido à insalubridade das águas do rio.

O Tâmisa deixou de ser considerado potável por volta de 1610. Entretanto, o projeto de despoluição só começou a ser esboçado no século XIX. Além do mau cheiro, as epidemias de cólera das décadas de 1850 a 1860 foram fundamentais para que o governo decidisse construir um sistema de captação de esgotos da cidade. Ao todo, foram quase 150 anos de investimentos na despoluição das águas do rio que corta Londres.

O projeto de limpeza do Tâmisa começou a ser delineado em 1895. Os primeiros resultados do trabalho apareceriam apenas em 1930. No início, os engenheiros criaram um sistema de captação do esgoto da cidade de Londres que despejava os dejetos quilômetros abaixo de onde o rio cortava a região metropolitana. Entretanto, o crescimento da população fez com que a mancha de poluição subisse novamente o rio e o tornasse poluído na região londrina.

Em 1950, o Tâmisa era considerado, outra vez, morto. A nova iniciativa do governo foi a construção das primeiras estações de trabalho de esgoto da cidade. Já na década de 70, os sinais iniciais de que os resultados estavam sendo alcançados apareceram. Prova era o flagrante do reaparecimento do salmão – peixe sensível à poluição e exigente em matéria de água limpa.

Mesmo com os sinais de que a revitalização das águas do Tâmisa é garantida, a Thames Water, empresa de saneamento londrina, mantém um investimento cerrado no tratamento da água e no sistema de esgotos. O rio tornou-se um exemplo de sucesso no programa de despoluição das águas.



RIO RENO

O rio Reno era um dos mais poluídos da Europa. Ele nasce na Suíça e desagua no Mar do Norte banhando, assim, vários países europeus. Com a alcunha de ‘’cloaca’’ da Europa, o rio tinha suas águas sujas e com mau cheiro.

Seus mais de 1,3 mil quilômetros de extensão recebiam diretamente os dejetos das zonas industriais por onde passava e de empresas químicas de grande porte como a Sandoz, Basf e Ciba.

A preocupação com a poluição do Reno só foi levada a sério quando um grave acidente na multinacional suíça Sandoz, que contaminou o rio com 20 toneladas de um pesticida altamente tóxico, em 1986, chamou a atenção da opinião pública e das autoridades.

Um esforço de mais de 20 anos entre a iniciativa privada e os governos dos países banhados pelo Reno, como Alemanha, Suíça e França, possibilitou a recuperação de suas águas.

Desde 1989, o investimento foi de mais de 15 bilhões de dólares, revertidos na construção de estações de tratamento da água e de monitoramento ao longo do rio.

Atualmente, cerca de 95% dos esgotos das empresas são tratados. Os resultados do programa e da despoluição do Reno são visíveis. Das 64 espécies de peixes que ali habitavam, 63 delas já voltaram.



RIOS TIETÊ E PINHEIROS



PROJETO POMAR ÀS MARGENS DO RIO PINHEIRO


O rio Tietê, um dos principais símbolos da cidade de São Paulo, está biologicamente morto há décadas. O rio que nasce na Serra do Mar, no município de Salesópolis, volta-se para o interior de São Paulo e percorre 1.150 quilômetros até chegar ao rio Paraná, na divisa com Mato Grosso do Sul. Seu trajeto foi de grande importância como meio de transporte, principalmente com as monções – as expedições que aconteceram após a descoberta de ouro em Mato Grosso no século XVIII. Às margens do rio também se desenvolveria a cultura de café e o início da industrialização na área metropolitana de São Paulo.

No início do século XX ainda era possível ver a utilização do Tietê para o lazer: pescarias e regatas de clubes paulistanos eram realizadas em suas águas. Entretanto, o crescimento e desenvolvimento desenfreado de São Paulo e de cidades ao seu redor, sem bases sustentáveis, foram responsáveis pela poluição do rio. Principalmente a partir de 1930, o Tietê passou a servir de escoamento para o esgoto industrial e urbano da cidade.

Para alguns especialistas, a decisão do então governador de São Paulo, Ademar de Barros, em 1955, foi crucial para a poluição do rio: o sistema de esgotos da cidade foi interligado e os dejetos de toda indústria paulista terminavam no Tietê. O esgoto do rio Pinheiros e Tamanduateí desembocava também no Tietê.

O Programa de Despoluição da Bacia do Alto do Tietê, que engloba a região metropolitana de São Paulo, foi delineado a partir de 1992. É considerado um dos projetos de despoluição mais ambiciosos do mundo devido à dimensão do problema e do prazo curto para os resultados – 20 anos. Avaliado em 2,6 bilhões de dólares, tem financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do governo estadual. Na primeira etapa do projeto (1992-1998) foram gastos 1 bilhão de dólares. A segunda etapa, com previsão de conclusão para 2005, gastará cerca de 400 milhões de dólares.

Alguns resultados do projeto já começaram a aparecer. Nos anos 90, a mancha de poluição se estendia por 250 quilômetros a partir da capital. Hoje, já recuou cerca de 100 quilômetros e, em alguns trechos mais próximos a São Paulo, os peixes reapareceram. No final da segunda fase do projeto, o intuito é que o volume de esgoto tratado na região metropolitana aumente de 62% para 70% do total, enquanto o índice de coleta de esgoto pule de 80% para 84%, beneficiando 1,2 milhão de pessoas.

Entretanto, o tratamento do esgoto não é a solução final para os problemas do rio. Cerca de 35% da poluição é ocasionada pelo lixo jogado nas ruas – entre sacolas plásticas, garrafas e outros tipos de material industrializado -, que chega no Tietê através de seus afluentes. A Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo acredita que, se a situação permanecer até 2015, esse tipo de lixo representará dois terços da poluição do rio. Por isso, além do programa de despoluição do rio, entidades como a Fundação SOS Mata Atlântica auxiliam o projeto com a conscientização da população.


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